Falámos com as vozes portuguesas de “Lorax”

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 Em Portugal o filme de animação Lorax estreia no próximo dia 22 de Março, mas nos Estados Unidos foi considerada a melhor estreia do ano com uma receita a rondar os 54 milhões de dólares, com a previsão de atingir os 76 milhões de dólares até ao final desta semana.

David Carreira, José Fidalgo e Mia Rose são alguns dos atores que dão voz às personagens deste filme, na versão portuguesa, que conta uma história ambientalista, em que Ted (David Carreira) tenta realizar o desejo da sua amada, Audrey (Mia Rose), de ver uma árvore verdadeira (no filme em extinção), encontrando uma criatura chamada Lorax (José Jorge Duarte) pelo caminho.

O Stars Online falou com os atores que fazem a dobragem do filme e revela-lhe todos os pormenores em primeira mão.

 

Entrevista a Mia Rose (Audrey)

Como é que foi a experiência de fazer esta Audrey?
Foi espetacular, foi uma boa experiência. Fiquei muito lisonjeada por se terem lembrado de mim para a personagem de Audrey.
Como é que surgiu o convite?
O convite surge porque se identificaram muito porque eu Mia Rose também transmito muito boa energia, tal como a Audrey. Ela tal como eu é muito impulsiva, muito espontânea, muito romântica… Só que ela em vez de ser romântica com um rapaz é romântica com árvores e eu acho isso muito bonito.
O que é que mais a fascinou nesta personagem?
Sem dúvida o facto de ela se preocupar muito com o ambiente. O sonho dela é ver uma árvore verdadeira viva. O filme é basicamente sobre conseguirem respeitar a natureza.
É a primeira experiência em locução?
Não. É a primeira vez que eu faço locução para um filme que vai estrear no cinema porque locução já faço desde os meus 12 anos.
Como é que é o ambiente dentro do estúdio de gravação?
Espetacular. O diretor de atores é fantástico, muito paciente. Nunca vi isto como um trabalho, mas sim uma diversão. Quando isto acabava uma pessoa ficava sempre à espera de mais. Eu chegava mesmo a dizer: “Mas não querem dar mais falas à minha personagem?”.
Demorou quanto tempo a dobragem do filme?
Infelizmente foi um projeto muito curto. Demorou apenas três dias. Mas é um projeto que eu vou guardar sempre com grande estima dentro do meu coração porque foi um projeto do qual eu gostei muito de fazer parte.
Ficou o bichinho para repetir a experiência?
Claro que sim. Como é óbvio. Mas eu sou sempre assim, convidam-me sempre para fazer parte de projetos diferentes e eu digo sempre que sim. Este foi mais um e eu gostei imenso do resultado e espero que as pessoas também gostem.
Em que ponto é que está agora a sua carreira? Projetos novos na área da música?
Acabei agora a Voz de Portugal, já fui embaixadora de várias marcas como “Olá”, “Suzuki”, depois fiz a dobragem do “Lorax” e agora é mesmo focar na música. Fazer muitos concertos e dedicar-me aos meus fans porque eles também são muito importantes e não os posso deixar para trás.

Entrevista José Jorge Duarte (Lorax e diretor de actores)

Depois de tantas dobragens no currículo, que lugar é que ocupa este Lorax?
Vem a seguir (Risos). Não, agora a sério. Ocupa um cantinho muito especial no meu coração porque foi um papel muito especial. Não é um papel muito grande mas é um personagem importante porque é o ecologista, o conciliador, aquele que vem avisar: “tomem atenção porque se continuam assim as coisas vão ser muito desagradáveis”. Foi super divertido.
De onde é que surgiu o gosto pelas dobragens?
O gosto pelas dobragens vem já de há muitos anos. Já foi há tantos anos que eu fiz a minha primeira dobragem.
Ainda se lembra quando é que foi a primeira?
Lembro sim senhora e não foi animação. Foi com o realizador José Fonseca e Costa, “A Balada da Praia dos Cães”. Já não me lembro em que ano foi mas sei que havia um ator francês que era dobrado pelo Mário Viegas, uma atriz espanhola dobrada pela Paula Guedes e eu também dobrava um ator espanhol. Na altura comecei com um grupo do qual faziam parte Mário Viegas, Paula Guedes, Raúl Solnado, António Feio… e depois passei para um grupo que tinha como diretor de dobragens o João Perry.
E como é que eram as dobragens da altura?
Ainda fiz muitas dobragens em pescadinha, ou seja, erámos todos em fila ao lado uns dos outros, com os microfones à frente e tínhamos que acertar logo nas bocas. Quando um se enganava voltávamos atrás e toda a gente tinha que repetir tudo o que tinha feito. Agora os tempos mudaram muito.
Como é que foi dirigir este grupo de atores?
Foi fantástico. Eu tinha aqui pessoas com um potencial humano maravilhoso e pessoas com um potencial artístico fantástico. Eles são extremamente humildes e acho que quando as pessoas são humildes estão perfeitamente disponíveis para receber informações e acabamos por partilhar ideias. Desde os mais experientes, aqueles que nunca tinham feito dobragens tive aqui sempre uma equipa fantástica.
E como é que foi o ambiente durante as dobragens?
Foi muito giro. Muito sério, porque o trabalho é muito sério. Mas também nos divertimos porque também nos podemos divertir a trabalhar.

Entrevista José Fidalgo (Aloysius O’Hare)

Numa carreira recheada de vilões, calhou-lhe mais um vilão. Como é que foi a experiência?
Foi muito engraçado, muito motivador, muito entusiasmante fazer a dobragem deste boneco e aprender todo este processo que para mim é completamente novo pois é a primeira vez que faço dobragens.
É então a sua primeira experiência a fazer dobragens…
É a primeira dobragem que faço neste aspeto. Faço anúncios para rádio já há muitos anos mas esta dobragem para filme de animação, nunca tinha feito e foi muito empolgante e muito gratificante fazer esta personagem.
Como é que se faz a preparação para se fazer uma dobragem?
Depois de estarmos cientes de qual é o processo da dobragem, quais as necessidades, quais as condicionantes, quais as indicações há também um espaço para nos divertirmos. Não diria para criarmos pois já está criado mas há sempre espaço para fazermos a nossa própria adaptação.
Deu o seu cunho pessoal a esta personagem?
Há personagens em que isso dá para fazer mais que outras e no caso desta felizmente deu para fazer isso. É uma personagem que é muito caricatura e foi a partir desse principio que eu parti tentando dar-lhe expressões muito portuguesas, muito nossas. Mas as semelhanças começam logo pela voz, que no original é muito parecida com a minha.
É então assim que surge o convite? Pelo facto de a voz ser muito parecida?
Sim acho que sim. Telefonaram-me para fazer um teste, eu fiz o teste, disseram-me o personagem e foi logo no próprio dia, passado umas horas a dizer que tinham adorado e que queriam que eu ficasse com o personagem. E o cunho pessoal vem depois. Só quando surge a oportunidade é que depois podemos dar o nosso cunho pessoal à personagem.
E de que forma é que isso aconteceu?
Bem eu tenho uma teoria no que diz respeito às dobragens e é uma conversa que já tenho há muitos anos com colegas que fazem dobragens e cada vez mais se tem vindo a verificar. Acho que não nos devemos focar muito na dobragem em si pois com a dobragem tem que vir todo o resto, ou seja, dobrar e adaptar uma realidade original à nossa realidade para ser percetível e para nós nos identificarmos com aquilo que está a ser dito.
Acabou então por pôr à prova a sua teoria sobre as dobragens?
Sim, de certo modo sim. Temos que nos lembrar que existe já um texto traduzido para português mas há sempre uma margem de manobra e é nessa margem de manobra que entra o cunho pessoal de cada ator. E são esses toques de cada ator que na minha opinião enriquecem ainda mais o filme.
Não temos grandes tradições no que toca a dobragens. Acredita que é uma indústria em expansão?
Sim é um facto que há uns anos atrás as dobragens que eu vi limitavam-se a fazer uma tradução do original sem se preocuparem muito com os pormenores que nós nos preocupamos hoje mas, é como em tudo a indústria tem vindo a melhorar a cada dia que passa. Isto das dobragens não é uma coisa nova, basta olharmos para Espanha ou França, nós é que tardámos um pouco. Mas eu agradeço esse facto porque é graças ao facto de as dobragens serem uma moda recente que nós portugueses somos uns verdadeiros poliglotas.

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