Henrique de Carvalho: “Não podia ser um homem de uma só profissão”

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Neto do grande actor Ruy de Carvalho e sobrinho de João de Carvalho, Henrique de Carvalho, 23 anos, nasceu no mundo do teatro. Por isso, aos 15 anos, aproveitou o facto de uma amigdalite o ter feito ficar em clausura em casa durante três semanas para pensar no que queria ser quando fosse grande. Como sabia que se ia sentir frustrado se apenas tivesse uma actividade profissional, escolheu ser a única coisa que lhe permite viver várias vidas numa única: actor. Actualmente podemos vê-lo no espectáculo itinerante e familiar Trovas & Canções.

Está a fazer Trovas & Canções com o seu avô Ruy de Carvalho e com o tio João de Carvalho. Como está a correr esta experiência?

Está a ser uma experiência diferente e divertida. Quando trabalhamos fora da nossa zona de conforto a aprendizagem é sempre maior, é nessas alturas que nos pomos mesmo à prova. Depois ainda tenho a vantagem de ter o meu avô e o meu tio a ajudar nessa aprendizagem.

É mais fácil estar a trabalhar partilhando o palco com a família, ou antes pelo contrário?

Trabalhar num palco é sempre difícil. O facto de o partilhar com familiares permite que haja mais compreensão e entendimento. Mas isso não torna por si só as coisas fáceis. É engraçado sentir o seu carinho e a sua preocupação, talvez essa seja a grande diferença.

O Ruy diz sempre que é muito exigente com ele e com os outros, especialmente na procura de qualidade. Também é assim consigo?

Eu gosto de lutar contra as expectativas e de me agarrar ao que tenho. Isso torna as coisas mais reais. Obviamente que sou muito exigente comigo próprio pois detesto falhar, tento que isso não aconteça e já me arrependi bastante de coisas que não fiz bem. Falho como qualquer um. Todos falhamos, é inevitável. Mas é preferível falhar e ter tentado e trabalhado do que falhar sem trabalhar e sem tentar.

É difícil esquecer-se que está a trabalhar com família?

Não tenho que o esquecer pois o espectáculo não exige isso. Normalmente dentro do palco a vida pessoal fica fora dele, neste caso somos nós mesmos ali pois é esse o objectivo.

Nascido na família do Ruy de Carvalho alguma vez lhe passou pela cabeça ser alguma coisa que não fosse actor?

Várias. Quis ser muita coisa, mas sei que não podia ser um homem de uma só profissão, ia sentir-me in-completo. Aí entra a nossa arte, o podermos viver sendo outras personagens e aprender com elas, in-clusive um pouco das suas artes.

Como descobriu esta paixão?

Na realidade não sei do momento exacto, já nasci ligado a este mundo, mas quando decidi realmente aprender a arte do actor foi quando tinha 15 anos, após três semanas fechado em casa a curar uma amigdalite. Estava a ver os Óscares na televisão. Ver aquelas caras conhecidas e os seus trabalhos nomeados, ver aquele trabalho e aquela qualidade e vontade de fazer mais e melhor ajudou-me a tomar a decisão.

Quando disse à sua mãe, Paula, que queria ser actor, como o disse, lembra-se?

Sinceramente não me recordo. Sei que a primeira pessoa a quem revelei a minha decisão foi ao meu avô e depois no meu jantar de anos revelei à minha família. Mas a memória não está a querer ajudar nesta questão…

Se não fosse actor o que seria e porquê?

Há muita coisa que gosto de fazer, mas nenhuma me prenderia para o resto da vida, portanto só mesmo actor.

Como é a relação com o seu avô?

Mantemos uma relação amorosa de avô para neto.

Suponho que aprenda muito com ele. Como o faz?

Aprendo ouvindo e vendo…

Observa-o, vê todas as peças e trabalhos que ele faz, pede-lhe dicas?

Não vejo tudo o que ele faz, vejo algumas coisas. Nunca fui muito de lhe pedir dicas, a representação não é uma coisa que se faça com dicas. Aprende-se a ver e a ouvir os conselhos técnicos. Depois só com muito trabalho é que podemos criar a nossa arte.

Como sente o nome de Ruy de Carvalho no Henrique actor? É uma benesse ou às vezes pode também ser um peso?

A única maneira de responder correctamente a essa questão é dizendo que não escolhia outro nome. Tem vantagens e desvantagens e eu tenho de viver com elas e fazer o meu trabalho.

Sente-se mais pressionado pela família que tem?

Sempre senti essa pressão, sempre vivi com ela. Portanto não sei como é não existir essa pressão. Faz parte de mim.

… veja a entrevista completa em Revista Incena nº2

©texto: Maria Antónia dos Santos

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