Élia Gonzalez vive o teatro com amor

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elia gonzalezQuando era criança Élia Gonzalez, 24 anos, sonhava ser professora. Sempre participou em todas as atividades que lhe eram propostas na escola na área das artes, mas nunca imaginou que essas “brincadeiras” poderiam, um dia, tornar-se na sua profissão. O teatro amador deu-lhe as bases e o amor com que vive o teatro, mas foi um elogio vindo de Francisco Nicholson que veio mudar para sempre a vida de Élia e a fez dar o salto do teatro amador para o teatro profissional, pisando pela primeira vez o palco da catedral do teatro de revista, o Teatro Maria Vitória.

Apesar de ter deixado de estudar mais cedo do que aquilo que gostaria, nunca perdeu o sonho de tirar uma licenciatura, nem que seja aos 90 anos. A alegria que transmite ao público quando está em palco deixam antever um futuro risonho para a jovem Élia, no entanto, o êxito não a fez desviar do seu caminho e a humildade que a caracteriza irá trazer-lhe certamente muitas vitórias. Numa conversa animada, Élia revelou alguns dos seus sonhos, desejos e medos e memórias.

Como é que surge a representação na tua vida?
Foi um começo muito engraçado. Nas atividades da escola sempre fui muito ativa e participei em todas as atividades que estavam disponíveis, mas sempre achei que aquilo não passava dali, de algo que fazia na escola e nada mais. Nunca me vi como bailarina, cantora ou atriz no futuro, até porque na minha cabeça seria professora de inglês. Até que um dia surgiu um casting para bailarinos na Academia de Santo Amaro, para uma revista que era encenada pelo Paulo Vasco e resolvi inscrever -me. Cheguei lá e entrei como bailarina. Foi assim o meu primeiro contato com o mundo da revista. Esse mundo começou a fascinar-me, então todos  os  espetáculos ia para a boca de cena, ver através de um quadradinho aquilo que os meus colegas estavam a fazer. Um dia uma atriz faltou e o Paulo Vasco chegou ao pé de mim e disse-me que como eu estava sempre a ver é que poderia ir fazer. Fiz o número dela e a partir daí todo um mundo novo surgiu. Nas revistas seguintes estive como bailarina e como atriz, só que depois tive um problema no joelho e tive que ficar só como atriz.

E o Maria Vitória, como é que surge?
A Academia de Santo Amaro era teatro amador, mas havia sempre um dia que representávamos para os colegas de teatro profissional e era normal ir lá o sr. Hélder Costa com atores do Maria Vitória. Naquele ano foi o Francisco Nicholson: lembro-me que no final do espetáculo ele me agarrou na mão e que me disse: “Parabéns! Você um dia vai trabalhar comigo”. Aquilo foi o auge para mim, mas sempre achei que acabaria por nunca dar em nada. O certo é que um dia recebo um telefonema do sr. Hélder Costa para vir aqui a uma reunião. Quando ele me disse que queriam saber se eu estava interessada em vir trabalhar para o teatro Maria Vitória… foi a loucura. Isto porque eu já tinha feito vários castings e nunca tinha conseguido entrar. Foi mesmo extraordinário.

O que é que o teatro Maria Vitória tem de especial?
Este teatro é a catedral do teatro de revista, por aqui passaram grandes “monstros” da representação e a energia que se sente é inexplicável. Mas por outro lado, é uma responsabilidade muito grande. Orgulho-me muito de ter passado pelo teatro amador, pois aprendi a ver o teatro com muito amor, mas trabalhar em teatro profissional é uma responsabilidade enorme. A primeira vez que se pisa este palco fica marcada para sempre na nossa memória.

Lembras-te dessa primeira vez?
Claro que sim. As minhas pernas tremiam, mas ao mesmo tempo senti-me abençoada porque fui muito bem recebido e tenho aprendido ao longo destes três anos em que estou no teatro Maria Vitória. Nunca me senti posta de parte pelos veteranos da revista. São momentos que guardo no meu coração para o resto da vida.

Agora já és tu que fazes esse papel de acolhimento aos teus colegas mais novos.
É aí que reparo que estou a ficar velha. Já é a minha terceira revista e sinto-me bastante empolgada, principalmente quando vêm colegas novos. Isto acaba por ser uma segunda família. Moro sozinha desde que comecei a fazer revista e depois chego aqui e vejo esta gente toda, claro que os considero como se fossem da minha família. Passamos muito tempo juntos e divertimo-nos imenso.

O futuro passa pelo teatro de revista ou gostavas de experimentar outros géneros?
Tenho muito medo que alguém me convide para fazer outras coisas (risos). Isto porque os registos variam de género para género e apesar de haver muita gente a dizer que quem faz revista consegue fazer qualquer coisa, continuo a ter medo de falhar. Tinha que me preparar muito bem. Da mesma maneira que nunca sonhei chegar aqui, também não sonho ir para além disto. Adorava experimentar, mas acho que as oportunidades surgem se tiverem que surgir, não tenho que ser eu a forçar nada para que isso aconteça.

Gostavas de apostar na formação?
A formação que tenho até hoje devo-a ao Paulo Vasco e ao Mário Rainho, que sem me cobrarem um tostão me ensinaram tudo o que eu sei hoje sobre teatro de revista. Mas claro que gostava de aprender mais. Infelizmente tive que desistir de seguir para o ensino superior, para começar a trabalhar, para ganhar para mim. Mas costumo dizer que nem que tenha 90 anos, eu hei-de voltar a estudar e tirar o meu curso. Gostava muito de investir nesta área pois o saber não ocupa lugar. Não quero desiludir-me a mim nem a quem apostou em mim até hoje.

©starsonline

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