Independentemente de uma realidade duramente assolada pela pandemia, Albano Jerónimo não parou. Reinventou-se e brindou os espetadores com obras online, participou em filmes e fez planos para teatro.
Falámos com o ator e encenador que nos revelou as novidades, algumas das quais que garantimos irão suscitar muita curiosidade. Uma entrevista que não pode perder.
“É um miminho fazer esta experimentação ao universo de Fernando Pessoa”
Ainda nos está gravado na mente os magistrais desempenhos de Albano Jerónimo (42 anos) em obras ímpares como Florbela, de Vicente Alves do Ó, Linhas Wellington, de Valéria Sarmiento, na aclamada série internacional Vikings, ou, mais recentemente, no filme de Tiago Guedes, A Herdade, recebendo rasgados elogios pela crítica em geral e galardoado com distinções e prémios vários. Mas poderia pensar-se que a pandemia travaria o ator, como aconteceu com muitos dos seus colegas, parados à espera de dias melhores. Nada disso.
“Mergulhei de cabeça nesta proposta de Edgar Pêra”
Esta situação anómala serviu para o ator/ encenador encontrasse outras formas de chegar aos espetadores, como explica: “Com a pandemia, e o que diz respeito à minha companhia, tivemos que nos reinventar em vários formatos online. Criámos um espetáculo de raiz só para ser exibido na internet. Mas esta é a nossa condição de artista neste país, termos que estar a reinventar constantemente.” E mesmo em pleno surto de Covid, Albano Jerónimo esteve envolvido numa das produções, não só devido a quem a realiza e com quem o ator já havia trabalhado em Kaminhos Magnétykos, bem como o tema central, causará grande curiosidade junto do público, como desvenda-nos: “Durante a pandemia rodei uma longa-metragem com Edgar Pêra, The Nothingness Club – Não Sou Nada. É uma obra que gira em torno do universo incrível de Fernando Pessoa, onde faço de Álvaro Campos. Mergulhei de cabeça nesta proposta de Edgar Pêra. É um miminho fazer esta experimentação ao universo de Fernando Pessoa, que é tão vasto. Há sempre tantos mundos paralelos que Pessoa nos deu e continuam por experimentar e até descobrir. Esta foi mais uma incursão entre tantas e creio que será uma obra incrível em formato de filme, a partir da mente de Edgar Pêra. É uma mistura absolutamente explosiva. O que posso adiantar é que existe uma sobreposição de vozes destas personas várias que se multiplicam. É um universo inesgotável, muito à imagem do que acontece com o próprio Shakespeare, onde te reinventas nessas linguagens.”
“Estou agora a gravar com Tiago Guedes, o Restos”
Mas este é apenas um dos vários projetos em cinema que esteve, está ou estará envolvido, como desvenda: “Estou agora a gravar com Tiago Guedes, o Restos. É um regressar ao trabalho com ele depois de A Herdade. No início de janeiro tenho um outro filme, agora com Rodrigo Areia, numa produção de Paulo Branco, intitulado O Pior Homem de Londres. Mais tarde terei uma outra longa-metragem com Sandro Aguilar. Está tudo muito bem encaminhado no que se refere ao cinema.”
“Estou a encenar Orlando, de Virginia Wolf”
Porém, a matriz de Albano Jerónimo intrinsecamente ligado ao teatro, não só como ator e encenador, mas também como impulsionador da sua própria companhia Teatronacional21. E depois de Um Libreto para Ficarem em Casa Seus Anormais, volta a encenar uma peça para estrear num dos palcos mais emblemáticos do país, como nos confidência: “Com a minha companhia, estou a encenar Orlando, de Virginia Wolf, que vai estrear a 4 de Dezembro, na sala principal do Teatro D. Maria… e depois vamos andar pelo país.”
©starsonline®Texto: Eduardo César Sobral