Tem um olhar doce e sincero e um sorriso de menina que contagia quem com ela priva. Tal como qualquer jovem da sua idade sonha ter o mundo e promete lutar por isso. A grande rampa de lançamento foi a série da TVI “Morangos com Açúcar” mas a sua força de vontade e garra auguram um grande futuro. Chama-se Inês Costa e promete dar que falar no mundo da representação.
Como é que surge a representação na tua vida?
Comecei muito nova a fazer publicidade. Não tinha muito bem a noção do que era a representação. Desde que me lembro que faço publicidade, cursos de manequim… mais para entrar neste mundo. O meu primeiro trabalho na área da representação, excluindo claro o meu grupo de teatro “Animarte”, foi nas “Chiquititas”, há cerca de 5 anos. A partir daí fui fazendo várias participações, até hoje chegar aos “Morangos com Açúcar”.
Fazer “Morangos com Açúcar” era um sonho?
Claro que era. Acho que quem quer seguir representação pensa sempre nos “morangos” pois há grandes actores que começaram lá e que agora têm grandes carreiras.
Como é que é participar numa série que, no fundo, acompanhou o teu crescimento?
No fundo foram nove anos de “morangos”, chegar ao nono e último ano e fazer esta série inteira foi uma realização pessoal, porque foi um objectivo ao qual me propus, para o qual já tinha feito várias tentativas, por isso teve um sabor muito especial.
Achas que vais ficar de alguma forma mais ligada à série, uma vez que se trata da última série e pode ficar mais gravada na memória das pessoas?
Gosto de acreditar nisso. Claro que o facto de ter sido a última temporada vai ficar na cabeça das pessoas, vão recordar-nos como sendo os últimos, mas acho que em termos pessoais, acho que para mim os “morangos” vão ser mais uma etapa que me fez crescer. Estive um ano neste projecto e isso fez-me crescer muito como pessoa e como profissional.
Como é que lidas com a abordagem dos fãs na rua?
É muito engraçado. Por vezes as pessoas ficam na dúvida se serei eu ou não. Acho que é mais fácil reconhecerem-se os rapazes do que nós, porque o cabelo e a maquilhagem, por vezes tornam o reconhecimento mais complicado. Já tive episódios muito enternecedores, como por exemplo quando uma menina, que não tinha mais que cinco anos, veio ter comigo de braço ao peito a pedir-me que lhe autografasse o gesso. Este como outros exemplos são para mim a força para continuar a fazer aquilo que gosto.
E como é trabalhar com pessoas que antes vias na televisão e que agora são teus colegas de trabalho?
Por um lado é uma pressão, em termos de responsabilidade, pois são actores muito conceituados e tudo o que queremos é dar o nosso melhor. É pressão, mas no bom sentido porque trabalhar com actores como Maria Henrique, Luísa Cruz, Carlos Cunha, entre outros, puxa por nós e faz com que aqueles 10% extra que nos faltam por receio, apareçam.
Tal como já referiste sempre acompanhaste a série e sempre foi um sonho fazeres parte dela. Agora que conseguiste, achas que as expectativas correspondem ao sonho ou extravasam o sonho?
Quando temos um sonho, criamo-lo na nossa própria cabeça. Apesar de ser uma série que acompanhou várias gerações, nós nunca imaginamos como é fazer parte do sonho. Só depois de estarmos dentro dele, passadas talvez duas a três semanas é que pensas “Calma, estamos a fazer morangos”. Só nessa altura é que percebi que aquilo ia ser muito bom para mim, que iria trabalhar com pessoas muito importantes que me poderiam ajudar muito a alcançar os meus objectivos. Por isso, quando realmente me apercebi que fazia realmente parte daquele projecto foi uma sensação indescritível.
Já alguém se apaixonou pela Vera e confundiu a Vera com a Inês?
(risos) Fiz anos há pouco tempo e fui ao “Festival da Alheira”, no norte do país, e realmente houve um grupo de rapazes que veio ter comigo, mas foi engraçado, eu não levo a mal e até acho piada. Mas bem, houve um dos rapazes que veio ter comigo e que me disse: Olha tu não te deves lembrar, porque tu és um bocado esquecida, mas tu és a minha namorada, por isso não te esqueças disso”. Mas eu levo sempre este tipo de abordagens na brincadeira.
Estavas preparada para o reconhecimento na rua e para esse tipo de abordagem?
Sim, é algo comum. Na maior parte das vezes até são mais novos, ali na faixa etária dos 12/14 anos. Quando são mais velhos é mais numa de gozão: “ai, olha é dos morangos” (risos), mas nunca levo a mal. Faz parte.
E como é que foi contracenar com o João Mota?
Foi bom e foi surpreendente porque eu não conhecia o João. Não conhecia o João, de todo, e só o conheci quando soube que ele ia ser o meu par na série de Verão. Não acompanhei o percurso dele durante o programa em que ele participou e não sabia que ele tinha esse interesse na área da representação. Mas já tive a oportunidade de ver algumas cenas em que contracenámos e ter visto que resultámos muito bem, o que é bom tanto para mim como para ele. Não há nada melhor do que ver que duas pessoas funcionam juntas e têm boa química.
E ensinaste-lhe algumas coisas?
Sim, talvez. Mas acima de tudo eu sei que não sei nada. Mas claro que houve alturas em que gostei que ele viesse ter comigo para passar texto e me perguntasse o que é que eu achava do trabalho dele. Da mesma forma ao contrário, ou seja ele podia achar que eu não lhe estava a dar uma contracena tão certa como aquela que poderia dar e isso também era importante para mim. Para um par funcionar, a chave é saber comunicar um com o outro.
Qual é que é o balanço que fazes deste ano inserida no projecto?
O balanço é bastante positivo. Durante a série de Inverno foi tudo muito intenso, facto que nos levou a construir ali praticamente uma família. Fomos dos grupos mais unidos, senão o mais unido mesmo de todas as temporadas da série e ouvimos isso várias vezes dos profissionais que trabalharam em todas elas e acho que isso é algo do qual nos temos que orgulhar. Fiz ali amigos para a vida inteira. Na série de Verão foi diferente porque além de ter sido mais curta, também entraram pessoas novas. O ser humano tem aquele instinto animal, de que quando vêm pessoas novas já não é a mesma coisa. Mas foi bom. Ficámos logo a dar-nos todos bem.
Essa característica acabou por passar cá para fora uma vez que fomos reparando que nos vários eventos para os quais eram convidados iam sempre todos. Fazem muita vida juntos para além das gravações?
Muita mesmo. Íamos sempre juntos às antestreias de filmes mas também fazíamos muitos programas pessoais juntos pois há muitos deles que não são de Lisboa, que estão cá a viver sozinhos. Por isso saímos muitas vezes juntos à noite, fazíamos grandes jantaradas… Foi muito bom e criámos grandes laços uns com os outros.
E agora que já acabaram “morangos”, já surgiu mais algum convite na área da representação? A TVI já te abordou para de alguma forma ficares ligada à estação?
Até agora não. Tenho feito algumas curtas-metragens, nada remunerado, mas tenho feito na mesma porque é bastante bom para o meu currículo e é bom para experimentar porque eu nunca tinha feito. Para além disso, em principio vou fazer uma série para o Youtube, que se vai chamar “Os donos do bairro”, ainda não está prevista a estreia, mas é algo que já está a ser pensado. Projetos TVI/Plural não tenho nada.
E podes levantar a pontinha do véu sobre a série que vais fazer para o Youtube?
Consiste num grupo de adolescentes que têm problemas familiares que se juntam todos com um mestre de Kung Fu para aprender artes marciais. O filme é muito original e acho que vai ser muito giro.
Vais continuar ligada ao grupo de teatro “Animarte”?
Claro que sim. No fundo esse grupo está ligado à minha agência que é a True Sparkl.
De que forma é que achas que essa primeira experiência no grupo de teatro contribuiu para a profissional que és hoje?
Contribuiu muito porque foi graças à Sofia Espírito Santo, coordenadora do grupo, que estou onde estou. Foi ela que me encaminhou, que acreditou em mim e que acima de tudo me ensinou a lidar com a rejeição que muitas vezes está invariavelmente associada ao nosso trabalho. Temos que ouvir muitas vezes não.
Então achas que é sempre importante ter alguém por trás que ajude a dar confiança?
Sem dúvida. Quando eu tinha os meus 13 anos tinha muita dificuldade em lidar com um não quando ia a um casting. Hoje em dia encaro isso como uma coisa mais do que normal, ou seja, o não está sempre garantido e é continuar a tentar. Se for de facto aquilo que nós queremos devemos sempre continuar a insistir.
E é mesmo isto que queres?
É sem dúvida. É apostar 100% na formação, no currículo… É preciso arriscar, ir estudar para fora se for preciso.
O grande público já conhece muito bem a Vera. Mas como é que é a Inês?
Sem querer fazer grandes comparações entre as duas, até porque a Vera é mais nova, eu sou uma pessoa muito simples, dou-me bem com toda a gente, gosto de estar bem com toda a gente. Posso conhecer uma pessoa hoje e amanha estar a falar com ela como se já a conhecesse há 10 anos. Até ao momento que não me provem o contrário acredito sempre nas pessoas.
Quais é que são as tuas principais virtudes e os teus principais defeitos?
Essa é sempre aquela pergunta muito complicada. Talvez a insegurança seja o meu maior defeito. Dado o historial que eu tenho de trabalho, as pessoas têm dito que eu tenho que acreditar mais em mim. Tenho uma modéstia um bocadinho estranha, não sei explicar.
Qual é que é a tua personagem de sonho?
Adorava fazer uma personagem homossexual, pois acho que é um grande desafio fazer algo completamente diferente de nós. Há pouco tempo vi um filme muito peculiar, que foi o “Mulholland Drive” do David Lynch, e a personagem da Naomi Watts ficou-me muito na cabeça. Como até agora sempre estive no registo do “ser bacana”, gostava de fazer um oposto de mim.
A homossexualidade está a ser um dos temas abordados na série de Verão dos “Morangos com Açucar”. Como é que achas que as pessoas vão reagir?
Por aquilo que eu sei, há algumas séries atrás foi abordado o tema pelo lado masculino e foi bem aceite, agora está a ser abordado pelo lado feminino. Acho bastante importante pois nas faixas etárias que nos vêem existe muito esse conflito interior. Acho que está a ser muito interessante.
Voltando a falar mais um bocadinho de ti… qual é que foi o último livro que leste?
O último livro que eu li, se não me engano, foi um livro de António Salas, que é um pseudónimo, e chama-se “O Diário de um Skin”, tem haver com um jornalista infiltrado que se infiltra num grupo de skinheads, os Ultras Sur, que é a claque do Real Madrid. Achei fenomenal porque conta uma história que muita gente não tem noção.
E que tipo de música é que gostas?
Gosto de tudo um pouco e não tenho grandes preferências mas se for para estar com os meus amigos e sair à noite gosto de coisas mais agressivas e barulhentas.
E a viagem de sonho é qual?
Ao mundo inteiro, pode ser? Começar na Austrália e acabar na Austrália
{igallery id=1082|cid=338|pid=19|type=category|children=0|showmenu=0|tags=|limit=0}