De visita ao nosso país pela primeira vez, o ator brasileiro Cauã Reymond, o Jorginho da telenovela “Avenida Brasil” andou a passear por Lisboa, adorou a comida, ficou fascinado com a arquitectura e fez as delícias das fãs que com ele se cruzaram na rua. Sempre de sorriso nos lábios, o brasileiro esbanja charme mas não gosta que o vejam como um sex symbol, sentindo-se, no entanto, lisonjeado com esse facto. Apaixonado por surf e feliz ao lado de Grazi Massafera, de quem tem uma filha, Sofia de 9 meses, Cauã Reymond promete voltar a Portugal de férias e em família.
É a primeira vez que estás no nosso país?
Sim, é a primeira vez que estou em Portugal
Mas já moraste na Europa.
Sim, já morei em Itália e em França.
E o que é que estás a achar do nosso país?
Estou a adorar. Eu elogio Lisboa e as pessoas acham que eu só estou a elogiar por educação, mas não é verdade. A comida é muito boa, as pessoas são extremamente calorosas e carinhosas. Aquilo que gostei mais em Lisboa foi da arquitetura.
E a receção das pessoas, como é que está a ser?
Achei que iria passar um pouco despercebido, mas muito pelo contrário. Eu baralhei-me com os voos então quando cheguei a Lisboa não tinha ninguém à minha espera e resolvi apanhar um táxi. O Paulo (taxista), não me deixou pagar e durante a viagem falei com todas as filhas dele: “filhinha, fala aqui com o Jorginho, com o Cauã…”. Foi muito engraçado.
A novela “Avenida Brasil” está a ser um sucesso em Portugal. As melhores portuguesas consideram-te um ”sex symbol”. Sentiste isso na rua?
Não tinha a mínima noção do impacto que o meu personagem na novela “Avenida Brasil” estava a ter em Portugal, mas fico muito feliz por estar a ser muito bem recebido. Apercebi-me um pouco que as mulheres acham isso de mim. Fui várias vezes abordado na rua. Uma delas agarrou-me e pediu para tirar uma fotografia. Acho que foi a mais ousada. Mas muitas gritavam “Jorginho”.
E tu, vês-te como um “sex symbol”?
Quando eu acordo não (risos). Não, não sinto. Sinto-me igual a todas as pessoas. Uns dias acordo melhor e outros pior, tal como todo o mundo. Não acredito nisso do “sex symbol”, mas claro que me sinto lisonjeado.
Gostavas de ter feito alguma coisa em especial em Portugal?
Gostava muito de ter conseguido surfar e hoje que era o único dia em que eu ia ter tempo disseram-me que o mar não estava bom. Como não consegui surfar fiz só ginásio.
Mas não estiveste sempre em Lisboa pois não?
Não. Na semana passada estive em Lisboa de passagem, enquanto fazia escala para Madrid e deu só para dar uma voltinha por Lisboa. Depois fui para Madrid, onde estive a estudar. Estive lá a fazer um curso de interpretação. Em Dezembro fiz um curso no Brasil, com o Juan Carlo Corazza, que é um argentino radicado em Madrid, que ficou muito conhecido por ter formado Javier Barden. Em Dezembro o curso foi um sucesso e eu quis dar continuidade porque gostei imenso, acho que tivemos uma química boa. E na minha opinião temos que estar sempre a aperfeiçoar o nosso trabalho através do estudo.
Quando tens que te ausentar do Brasil em trabalho, como é que geres as saudades da família?
Não vou mentir para vocês. Eu fico muito triste. Em Madrid estava mais frio então eu acho que fiquei ainda mais triste. Em Lisboa está mais caloroso.
A Grazi também é atriz. Como é a vossa relação? Não há ciúme?
Claro que há. Todos os casais sentem ciúmes, é normal. Não pode é ser um ciúme que nos impeça de trabalhar. Além disso, a relação com os anos vai ganhando maturidade. Já estamos juntos há seis anos, é muito tempo. E com o nascimento de um filho encontra-se outro amor que até aí era desconhecido.
E já tens algum projeto a curto prazo?
Já. A 17 de Março arrancam as filmagens de um filme, e em Maio tenho outro filme que a nossa produtora (do ator e do empresário Mario Canivello) está a coproduzir, que é um filme sobre Tim Maia, que foi um cantor e compositor brasileiro de enorme sucesso. Talvez faça outro filme em Julho, mas ainda não está nada certo e para além disso, no final do ano tenho uma série agendada para a Rede Globo. Vai ser um ano em grande.
Quais é que são os teus critérios para a seleção dos projetos?
No começo da carreira temos que aceitar qualquer coisa, qualquer personagem e transformar esse personagem num trabalho de relevo de modo a conseguires fazer carreira para depois te dares ao luxo de poderes escolher. Hoje em dia, graças a Deus, já tenho possibilidade de escolha e tento procurar personagens com emoções diferentes, cores diferentes…. Procuro poder trabalhar com assuntos que ainda não tenha trabalhado, e claro que procuro também saber com quem é que vou trabalhar. Quando estamos a trabalhar estamos sempre a aprender e quando sei que há um ator interessante, ou um diretor de quem eu admiro a obra sei que vou aprender muito com esse trabalho. Mas tenho outros critérios. Por exemplo, quando faço cinema tento escolher projetos que não sejam para o grande público pois acho que a televisão já cumpre esse papel.
Tens alguma referência portuguesa de alguém com quem gostasses de trabalhar?
Sem dúvida o Manoel de Oliveira. Acho que é a maior referência do cinema em Portugal. Adoraria fazer um filme dele.
Voltando ao Jorginho. É um personagem que te surpreendeu?
Eu já sabia quase tudo o que iria acontecer ao personagem, mas claro que nessa reta final é sempre uma surpresa para todos os atores. O João (João Manuel Carneiro, autor da novela) não gosta de mexer muito na história tentando manter-se fiel à ideia inicial.
Achas que vais receber o prémio de melhor ator por este personagem?
Não sei. Gostava, mas acho que não. Assim que eu chegar ao Brasil eu vou direto para o programa do Faustão. Do Formigueiro para o Faustão. (risos). Não sei mesmo, eu estou a concorrer com o Murilo (Murilo Benício, que interpreta a personagem Tufão na mesma telenovela), e com o Marcelo (Marcelo Novaes, o Max da mesma trama), que são excelentes atores.
Mas concordas que o Jorginho foi um personagem marcante? Qual foi a receita do sucesso?
Foi um personagem “muito bacana”. Um sucesso como o de “Avenida Brasil” não tem receita. Acho que foi a telenovela que eu fiz que teve mais sucesso. Antes desta eu tinha feito a telenovela “Cordel Encantado”, que não veio para Portugal, mas que no Brasil foi um sucesso, então eu não estava à espera que depois de um sucesso viesse outro ainda maior, pois é normal haver uma quebra.
Gostarias de trazer algum projeto teu a Portugal?
Gostaria muito. Às vezes ponho-me a pensar porque é que os filmes brasileiros não chegam até a Portugal. Então fiquei com a ideia de que quero muito fazer com que esse intercâmbio aconteça. Mesmo que não tivesse fins lucrativos, era muito importante dar a conhecer o cinema brasileiro aqui e no Brasil nós podermos ver os vossos filmes.
E para quando o regresso ao nosso país?
Sem dúvida que vou voltar. Quero muito surfar em Portugal, pois disseram-me que aqui as ondas são muito boas. Gostaria de voltar de férias e em família.
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