Terry Gilliam, o realizador de “O Homem que Matou Don Quixote”: “Portugal é um país único”

0

Praticamente quatro anos após a estreia da obra no resto do Mundo, “O Homem que Matou Don Quixote” chega finalmente às salas de cinema nacionais no próximo dia 17 de fevereiro.

O realizador marcou presença no nosso país e revelou-nos o enorme encanto que Portugal lhe deixou

Terry Gilliam, nasceu a 22 de novembro de 1940, em Mineapolis, EUA e é daqueles realizadores que não precisa de grandes apresentações. Alcunhado de “Capitão Caos”, foi um dos elementos do lendário grupo humorístico Monty Python, tendo no seu extenso currículo obras tão inesquecíveis com Brasil: O Outro Lado do Sonho, O Rei Pescador, 12 Macacos, Delírio em Las Vegas, Os Ladrões do Tempo ou Tideland – O Mundo ao Contrário, Os Irmãos Grimm, entre muitas outras. Veio a Portugal para a estreia (finalmente) do filme no nosso país (adiado devido a um desaguisado judicial com o produtor Paulo Branco), pois no resto do Mundo chegou às salas de cinema em 2018.
À conversa com o StarsOnline, Terry Gilliam falou um pouco sobre esta obra que também a escreve, cuja parte da rodagem aconteceu na história cidade de Tomar, e que conta com a participação da atriz portuguesa Joana Ribeiro (como Angélica), que contracena com nomes maiores da 7ª arte mundial, tais como Jonathan Pryce (Two Popes, Guerra dos Tronos, Pirata das Caraíbas) ou Adam Driver (Star Wars).

“Parecíamos como crianças a brincar”

Tendo como base uma das obras mais importantes da literatura universal, Don Quixote de La Mancha, de Miguel Cervantes, Terry Gilliam criou um argumento divertido e fresco, mas que se recusa assumir protagonismo pela sua conceção, salienta: “Sim, foi árduo, mas grandioso. Era complicado por causa do dinheiro, mas foi importante ter um talentoso grupo de pessoas a trabalhar. Quando faço um filme, penso que os créditos não são justos, pois estes envolvem muitas pessoas que não aparecem e fazem com que tudo isto aconteça. Eu, Gilliam, sobrevivi porque, apesar de ter problemas médicos e ser um trabalho árduo, foi porque nos rimos muito. Tornámos as piores fases em algo engraçado. Parecíamos como crianças a brincar, porque ninguém tinha mentes fechadas. Propunhamos fazer as coisas mais impossíveis.

“Sancho é uma extensão da minha mulher”

Quanto à espécie de Sancho, interpretado por Adam Driver, que é Toby na pele de um realizador, Terri Gilliam, apesar de até poderem existir alguns pontos em comum, confessa que não é propriamente uma extensão de si, mas antes de uma pessoa bastante próxima, ironiza: “Sancho é uma extensão da minha mulher. A minha mulher é como Sancho Pança, realística, com os pés na terra e sólida. Eu sou mais o idiota que faz as coisas mais parvas. Agora todo o elenco é brilhante e incrível. Todos trabalharam de uma forma soberba. Adam Driver e Jonathan Pryce fizeram uma dupla ótima. Sou muito cuidadoso com as pessoas com quem trabalho, pois tenho de gostar que estejam à minha volta e que tenham a mesma imaginação e vontade que eu. E se empenhem a 110 por cento.”

“Joana foi grande”

E o que dizer da portuguesa Joana Ribeiro? “Joana foi grande. Nunca a tinha conhecido anteriormente. Estive com ela meia hora a tomar café e decidi logo que seria ela a ficar com o papel. Ela é esperta, engraçada e bonita. Debateu-se bem com as outras grandes personagens do filme… acabou por ser fantástica. Eu adorei-a e foi igual ao restante elenco. Adoro descobrir pessoas que podem não ter a mesma experiência e colocá-la em situações difíceis, onde têm de provar que têm valor… e ela tem esse valor.

“ Portugal é um país único”

Um dos aliciantes desta obra para os portugueses é que grande parte da rodagem de O Homem que Matou Don Quixote acontece em Tomar, um local que apaixonou o realizador. “Antes de estar envolvido neste projeto, nunca tinha estado em Portugal. Acabei por descobrir muitas coisas que me impressionaram. É um país único. A história de Portugal é extraordinária, bem diferente do resto da Europa e parece que ninguém o sabe. Há um livro intitulado A Primeira Aldeia Global, escrito por um jornalista inglês que aqui vive, e é a melhor descrição da história de um país que alguma vez li. Penso que existe muita sabedoria neste país. Todos os dias descubro coisas que me excitam. Acho Lisboa e Tomar extraordinários e têm sorte quem vive em Portugal; é um país inteligente, as pessoas são pragmáticas e fazem coisas inteligentes. Eu adoro isso.” elogia.

“Não tínhamos tempo para pensar”

Uma das suas maiores referências que lhe deu prestígio foi estar envolvido nesse projeto humorístico lendário intitulado Monty Python, dos quais guarda as melhores das recordações, recorda: “Foram grandes tempos os dos Monty Python, pois não tínhamos tempo para pensar. Tínhamos a sorte de sermos espertos e estarmos na BBC, onde as pessoas tinham de ver, pois não tinham outra escolha. (risos) Foram tempos muito especiais onde tínhamos de trabalhar rápido, pois tinham de fazer outros shows. Isso acabava por relaxar-te. Talvez o pior é ter tempo para trabalhar, pois aí surge a dúvida.

©starsonline® Texto: Eduardo César Sobral

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here