A programação do Teatro Experimental de Cascais regressou ao activo esta sexta-feira, dia 10, com a abertura ao público das suas portas para assistir à 165.ª produção da companhia. “Bruscamente no Verão passado”, de Tennessee Williams, com estreia inicialmente prevista para 27 de Março (adiada devido à pandemia), assinala este retorno, com o cumprimento de todas as medidas de segurança impostas pela DGS nesta nova fase pós-confinamento.
Centrada no desaparecimento de Sebastian Venable, “Bruscamente no Verão passado”, considerado o texto cénico mais chocante de Tennessee Williams, é uma peça envolta em mistério que marca o regresso do Teatro Experimental de Cascais à sua programação habitual – complementada, em tempos de quarentena, pela exibição online de várias produções passadas, no canal de Youtube da instituição.
“Agora, mais do que nunca, é imprescindível que os fãs de teatro, e do teatro português, acompanhem e apoiem o regresso das actividades dos vários espaços e companhias. Com os devidos cuidados, garantindo a segurança de todos, não existirá melhor forma de prestigiar os profissionais da área – que viram o seu trabalho interrompido durante meses e que, na sua maioria, se reinventaram para continuar a oferecer propostas de entretenimento online, gratuitas, durante esse período – do que conseguirmos ter sessões cheias com regularidade. Num Verão sem festivais, e com uma vontade renovada de novos programas em família, a oportunidade para redescobrir e regressar às salas de teatro (um prazer que tantos vão adiando) é inegável.”, referiu Fernando Alvarez, responsável de Programação, Cenografia e Figurinos do Teatro Experimental de Cascais, em forma de apelo sobre o regresso das companhias de teatro a uma nova normalidade.
Quando estreou, no seu original, em 1958, “Bruscamente no Verão passado” foi apreciada pela sua estrutura dramática aparentemente simples, ainda que simultaneamente preterida pelo seu conteúdo “perturbador” de homossexualidade, violação, loucura e canibalismo. O “horror” interno, com o qual várias personagens lidam ao longo do desenrolar da história, continua presente, oscilando o texto entre conceitos como os de verdade, manipulação, distorção e consciência.
Com encenação de Carlos Avilez e versão de Graça P. Corrêa, esta história, que já inspirou centenas de adaptações, inclusive ao cinema em 1959, é revista e reinterpretada de forma única por um elenco que não vai deixar ninguém indiferente: Bárbara Branco, Bernardo Souto, João Gaspar, Lídia Muñoz, Luísa Salgueiro, Manuela Couto e Teresa Côrte-Real.
Ideal para um serão de emoções fortes, pautado por excelentes interpretações, esta peça é recomendada para maiores de 12 anos e estará em cena no Teatro Experimental de Cascais, de 10 de Julho a 2 de Agosto, todas as semanas de terça-feira a domingo, às 21h30.