O Festival RTP da Canção é um evento que faz parte da história cultural musical do nosso país e que marca o início da televisão em Portugal.
Sob os auspícios dos 65 anos da RTP, foram conhecidos os dez finalistas que vão disputar o lugar de representante nacional no Eurofestival da Canção. O StarsOnline esteve presente e falou com alguns dos finalistas.
No dia em que a estação estatal comemorou 65 anos, igualmente a data em que um dos seus apresentadores, José Carlos Malato, comemora o seu aniversário, ficámos a conhecer os dez finalistas que vão disputar o lugar que o irá levar a Turim, Itália, para representar Portugal no Eurofestival da canção. Uma votação que teve parte da responsabilidade do público, que representa metade, com os restantes 50% dos votos a cargo do juri, que este ano foi constituído por Teresa Salgueiro, Tatanka, Dulce Pontes, Pedro Granger, Dino Santiago, Surma e Miguel Abreu.
E nas duas semi-finais depois, foram eleitos os dez temas que vão disputar a final:
Os Quatro e Meia (“Amanhã”), Aurea (“Why”), FF (“Como É Bom Esperar Alguém”), Diana Castro (“Ginger Ale”) e Maro (“saudade, saudade”) Milhanas (“Corpo de Mulher”), Syro (“Ainda nos Temos”), Inês Homem de Melo (“Fome de Viagem”), Pongo e Tristany (“Dégrá.Dê”) e os Pepperoni Passion (“Código 30”).
“ O palco do Festival da Canção é dos mais desejados”
FF é um dos cantores sobejamente conhecidos do panorama musical que marcou presença. Além de interpretar, a letra do tema Como é Bom Esperar alguém é também da sua autoria, apesar de inicialmente não ter pensado em ser ele mesmo o intérprete, como nos conta: “O palco do Festival da Canção é dos mais desejados. Todos os cantores que admiro e todas as referências que acabam por me inspirar passaram pelo festival. Poder fazer parte desta história deixa-me muito feliz. A decisão de ser eu a cantar este tema não foi imediata. Não queria fazer um tema a pensar num cantor. Queria fazer uma canção e esperar que ela me daria essa resposta. Não querendo ser egocêntrico, acabou por ser uma coisa tão pessoal que não me perdoaria se não a cantasse.” Quanto a expetativas… “Nunca são muito grandes. Mas assistimos a fenómenos geniais como o Salvador Sobral. Mas fico feliz que exista espaço para este tipo de canções mais intimistas, com as quais me identifico. Essa é a melhor vitória que pudemos levar daqui.” Poder levar o seu tema a Itália, seria algo extraordinário para FF, como confessa: “Seria um sonho enorme. Uma felicidade e responsabilidade gigantesca. Representar Portugal é o sonho de qualquer um. Nesta semi-final percebemos que Portugal é um bocadinho de todo o Mundo. A diversidade é a magia do festival.”
“Pusemos tudo de nós nesta música e saiu a coisa mais transparente e pura”
Habituada também a grandes palcos, Áurea não quis deixar de salientar a importância que uma experiência como esta tem na sua carreira e a mensagem que o tema Why, feita em parceria com Rui Massena, quer passar. “Cada palco trás uma responsabilidade e para mim é sempre a mesma, de deixar os nossos orgulhosos, darmos o nosso melhor e não dececionar. É isso que penso quando piso um palco e aqui não foi exceção. Hoje, para ser sincera, estava a tremer por todos os lados. Quando escrevia letra tive uma grande necessidade de fugir às canções de amor. Uma das coisas que tenho no meu pensamento que a nossa vida de adulto falta-lhe tanta magia, coração puro, bondade e sem filtros, senti a necessidade de escrever acerca disso. Porque perdemos aquele coração puro quando somos pequeninos. É uma espécie de lamento que não percebe porque isso tem de ir embora.” Já quanto ao objetivo Turim…; “É uma etapa de cada vez. Quando fizemos a música não pensámos nisso, apenas em nos divertirmos. Pusemos tudo de nós nesta música e saiu a coisa mais transparente e pura que estávamos a sentir naquele momento.”, conta-nos.
“ A Eurovisão é para nós uma miragem”
Os Quatro e Meia podem não ser tão conhecidos como outros participantes, mas terem chegada à final é mais do que podiam eventualmente ambicionar: “Estamos muito contentes por estarmos aqui, pois o Festival da Canção é uma festa gigante da música, talvez a maior. Para nós que somos uma banda relativamente recente, com oito anos, temos ainda um caminho muito pequenino naquilo que é a história da música portuguesa, mas fazer parte dela é um privilégio gigante. Nós gostamos de cantar em português e podermos passar a mensagem é muito importante para nós. Já chegámos onde queríamos, pois trouxémos a nossa música às pessoas e isso é o mais importante. Hoje ouviram-se musicas muito bonitas que vão perdurar para lá do festival. O que desejamos é que, independente da final, a nossa música faça parte da vida das pessoas. Para lá do Festival da Canção, teremos muitos concertos muito especiais, em particular o do Estádio Cidade de Coimbra, o qual aguardamos com muita expetativa. Se pudermos com isto angariarmos mais gente para estar nessas festas, para nós será um acrescento maior. A Eurovisão é para nós uma miragem, e não vou dizer que é um objetivo, mas que seria algo muito bonito se acontecesse. Mas independente de quem for, essa será a escolha dos portugueses, desde que nos represente bem.”
“Não vou ser hipócrita e negar que gostava muito de ir a Turim”
Syro é um dos cantores cujo tema, Ainda nos Temos, tem suscitado grande curiosidade, não só em Portugal, mas um pouco por toda a Europa. Algo que deixa o cantor agradavelmente surpreso e com muitas expetativas para a final, reconhece: “De facto que o feedback à canção quando saiu foi muito bom, mas nunca se sabe. Podia ter subido a palco e feito uma borrada e estragado tudo. Mas fiquei muito contente de ter estado à altura e ter passado. Tenho que reconhecer que a produção estava incrível e a única coisa que poderia estar menos bem seria eu mesmo, pois os nervos poderiam ter estrago a atuação, mas mesmo assim. Não vou ser hipócrita e negar que gostava muito de ir a Turim, mas tenho vivido passo a passo” Quanto a surpresas para a final, Syro garante que tem algumas ideias na sua cabeça: “Já estou a assustar a produção porque quero mudar umas quantas coisas… deixa ver se me deixam.”
E depois de ficarmos a conhecer todos temas a concurso e eleitos os dez mais votados, dia 12 de março será a data para eleger a música que nos representará no Eurofestival da Canção em Turim, numa emissão que terá como apresentadores, depois das duplas das semi-finais Jorge Gabriel, Sónia Araújo e José Carlos Malato e Tânia Ribas de Oliveira, Vasco Palmeirim e Filomena Cautela, com Inês Lopes Gonçalves em reportagem na Green Room.
©texto: Eduardo César Sobral