Foi o próprio André Gago que, numa mensagem emocionante, comovente e brilhantemente escrita, comunicou através do Facebook, que teve que ser internado esta semana devido a problemas cardíacos:
“Um dia bissexto O meu coração ateu largou, sozinho, a correr a toda a brida, como se não houvesse campos nem vales, nem sequer eu, mas apenas o freio mordido da corrida. A cento e setenta dentro de mim por quase um dia inteiro galopou, e eu, já não seu dono mas mensageiro, fui por ele levado sem senhor ser já do qu’inda sou.
Vi-o por dentro: um coração vulgar mas enlouquecido, normal, forte, nem pequeno nem grande, sem sinais de flecha ou qualquer outro assombro antigo que dentro dele esquecido o deixasse delirante. Foi preciso esperar que ele parasse, deixando-o correr até cansar-se do perigo, e ao fim de longas horas, por fim, abrandasse, pela droga da botica enfraquecido.
Depois foi tudo muito rapido: deram-me alta, voltei a ser eu, voltei ao meu dia, regressei a casa na velha companhia, deste meu mesmo coração, mais sossegado. O que sabe ainda bem quanto lhe falta, e que bate ainda em vão nessa porfia”.
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