Nicolau Breyner: A enorme carreira duma enorme pessoa

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Nascido no seio de uma família de proprietários agrícolas, Nicolau Breyner mudou-se para Lisboa com os pais, depois da infância passada em Serpa. Estudou canto e integrou o coro da Juventude Musical Portuguesa, enquanto estudava no Liceu Camões. Ingressou mais tarde na Faculdade de Direito, com a ambição de se tornar diplomata. Depressa desistiu de Direito, optando por se formar no Conservatório Nacional, primeiro no curso de Canto e depois no de Teatro.

A sua estreia como ator dá-se quando ainda frequentava o Conservatório. Sob a direção de Ribeirinho, entra na peça “Leonor Telles”, de Marcelino Mesquita, levada à cena pelo Teatro Nacional Popular, que ocupava então o Teatro da Trindade. Seria no entanto pela interpretação de papéis cómicos, junto de Laura Alves, que se tornaria conhecido do grande público, revelando-se um dos mais bem sucedidos atores da sua geração.

Após o 25 de abril de 1974 concebeu o seu primeiro programa televisivo, “Nicolau no País das Maravilhas”. Este programa tinha uma rábula chamada “Senhor Feliz e Senhor Contente”, onde Nicolau lançaria um jovem de origem alemã aspirante a humorista, Herman José.

Em princípios da década de 1980 surge, simultaneamente, como diretor de atores e co-autor do guião da primeira novela portuguesa, “Vila Faia” (1982). Segue-se a criação da NBP Produções, hoje Plural Entertainment, a sua própria produtora de televisão, onde será administrador, produtor e realizador; atividades que fazem dele um verdadeiro percursor da indústria de ficção televisiva em Portugal.

Sem deixar a representação, concebeu as sitcoms “Eu Show Nico” e “Euronico”, participando como ator noutras tantas (“Gente Fina é Outra Coisa”, “Nico D’Obra”, “Reformado e Mal Pago”, “Santos da Casa”, “Aqui não Há Quem Viva”.
Participou também em diversas séries como “O Espelho dos Acácios”, “Verão Quente”, “Conde D’Abranhos”, “A Ferreirinha”, “João Semana”, “Quando os Lobos Uivam”, “Pedro e Inês”, “Equador”, “Morangos com Açúcar”, “Barcelona”, “Cidade Neutral”, “Família Açoreana”.
Fez várias novelas como “Fúria de Viver”, “Vingança”, “Flor do Mar”, “Meu Amor”, “Louco Amor”, “Jardins Proibidos”, “O Beijo do Escorpião”. Estava a participar na nova produção da TVI “A Impostora”, onde iria interpretar o papel de um pobre, pedido espresso do actor a Antonio Barroca, argumentista da novela, depois de tantos papéis a fazer de rico.

Ao longo da sua carreira somou quase 50 participações no cinema, em filmes de cineastas de diversas gerações, como Augusto Fraga, Perdigão Queiroga, Henrique Campos, José Ernesto de Souza, Herlander Peyroteo, Artur Semedo, Luís Galvão Teles, Fernando Lopes, Jorge Paixão da Costa, António Pedro Vasconcelos, Roberto Faenza, Joaquim Leitão, Leonel Vieira, Mário Barroso, João Botelho e Bille August. Uma das suas participações mais recentes é o filme Comboio Noturno Para Lisboa, adaptação do livro homónimo de Pascal Mercier, e que estreou em 2013. Pelas suas prestações no grande ecrã recebeu três Globos de Ouro para Melhor Ator, com Kiss Me (2004), O Milagre Segundo Salomé (2004) e Os Imortais (2003).

Morreu a 14 de Março de 2016, aos 75 anos, na sua casa de Lisboa, vítima de ataque cardíaco.

NDR: Ao longo dos quase 4 anos de existência do StarsOnline, tivemos o privilégio de privar com Nicolau Breyner nos vários eventos em que nos encontrámos. Pessoa gentil, de fácil trato, sempre disponível e com um sorriso no rosto, Nicolau Breyner era daquelas pessoas de quem facilmente se gostava. Ao nos deixar, fica um enorme vazio, mas guardamos as memórias das conversas e as imagens que registámos. Obrigado Nicolau!

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