A segunda temporada do Programa Cautelar está aí a chegar e muitos são os aliciantes, como a entrevista ao secretário Geral da ONU, António Guterres. O StarsOnline esteve na apresentação à imprensa da segunda temporada e falou com a apresentadora.
Gravado nos Estúdios da Venda do Pinheiro, encostado ao décor de Big Brother, o “Programa Cautelar” é um espaço que procura abordar questões importantes do dia-a-dia e transformar a linguagem mais técnica e incompreensível num discurso mais simples e acessível para o espetador. Depois de uma primeira temporada com muita aceitação, a RTP, não só decidiu avançar para mais uma temporada, como anunciar, pela voz do seu diretor de programas, José Fragoso, mais duas extra.
Apesar da ligeireza com que são tratados os temas, existe todo um exaustivo trabalho em torno de cada programa e assunto, aprofundado por experts no assunto e debatido entre toda a equipa, como faz questão de salientar Filomena Cautela: “O processo de escrita deste programa é longo, mas é um privilégio poder trabalhar numa estação que percebe que estes temas precisam de tempo e maturidade. Temos várias reuniões para determinar se merece ter 45 minutos de horário nobre em televisão. Assim que determinamos os temas. Temos uma equipa de jornalistas que pesquisa esse mesmo tema e entrega-nos um dossier que é trabalhado por uma equipa grande de guionistas. O que fazemos é retirar toda a informação que achamos mais importante e que qualquer pessoa que respira deveria saber. Depois tiramos o ponto de vista que seja julgador para criarmos uma história que tenha início, meio e fim. E depois revemos toda a informação e confirmamos todos os factos com especialistas… e depois escrevemos com humor.”
Uma obsessão natural
Na primeira temporada, Filomena Cautela confessou estar obcecada com o programa. Algo que ainda não desapareceu, como assume: “Estou envolvida em cada palavra. Todas as pessoas que trabalham aqui fazem a sua pesquisa paralela. O que fazemos cada dado é confirmado pelos jornalistas e especialistas que contactamos. Estou muito menos obcecada, mas continuo preocupada, pois é um espaço que não existe na televisão portuguesa. Nesta altura do país e do Mundo, é importante que estejamos munidos de informação que foi confirmada por vários especialistas em várias fases.”
“O secretário-geral das Nações Unidas é uma das pessoas que mais admiro… no Mundo”
Em relação aos convidados, muitas são as figuras de relêvo, mas uma delas é especialmente prazeirosa para Filomena. “Come on. Não mostrámos todos, mas o secretário-geral das Nações Unidas é uma das pessoas que mais admiro… no Mundo. Um dos temas era impreterível ter a sua opinião, ainda antes de toda esta situação, tivemos de penar e dar muitas voltas. O sr. secretário geral teve a gentileza de nos dar a sua opinião.”
“ Tivemos muitas poucas negas”
Quanto a negas, Filomena Cautela confirma, apesar… “Tive uma nega, mas também era daquelas que… Barack Obama. Tivemos muitas poucas negas e é um sinal muito fixe.”
Quanto ao tema que deu mais trabalho… “Há sempre um, não é? Um dos temas que nos deu mais trabalho na primeira temporada tinha que ver com política. Nós já tínhamos um programa já feito e a Assembleia cai. Esse foi difícil por causa disso, pois tínhamos de esperar pelo novo governo. Mas é muito difícil falar sobre desigualdade social. É difícil falar sobre a crise no Serviço Nacional de Saúde da saúde mental. O que é difícil é falares destes temas que são muito complexas, alguns deles de vida ou morte, e fazer 45 minutos de programas que as pessoas fiquem a ver, estejam interessadas e estimuladas.”
“O Governador do Banco de Portugal foi de uma gentileza rara”
Um dos entrevistados centrais de um dos programas foi Mário Centeno, uma figura que acabou até por surpreender a própria apresentadora, como nos explica: “O Governador do Banco de Portugal foi de uma gentileza rara. Ele teve a gentileza qde falar connosco porque queria que nos explicasse de uma forma simples dois ou três pontos. O que aconteceu foi que começámos a conversar e ele foi muito direto e acessível… e acabámos a rir-nos com algumas parvoíces que eu tenho a mania. Mas disse coisas muito importantes de uma forma que toda a gente vai entender.”
“As noites de sábado serão mesmo boas”
Estreia dia 19. Coincidência ou propositado? “Não sei. Sei que temos a final do Festival da Canção no dia 12, onde estarei com o Vasco (Palmeirim), e na semana seguinte estreio o Cautelar e estreia o Vasco com o Markl, o Task Master, que já e imperdível. É uma noite na RTP que vale muito, mas muito a pena. Não é pelo nosso programa, mas o Task Mster é mesmo fixe. As noites de sábado serão mesmo boas. Larguem o Bairro Alto, pois é old school.”
“O que queremos é simplificar cenas”
Quanto à concorrência com os outros canais que apresentam humor nas suas grelhas para este mesmo horário, apesar deste formato apelar à boa-disposição, Filomena Cautela não o encara dentro deste género, explica: “Eu não caraterizo este programa como de humor e eu não sou humorista. O que queremos é simplificar cenas que são muito complexas e tentar com leveza e se as pessoas estiverem a sorrir, para nós já está bom. Nós não queremos dar ou ensinar nada a ninguém, apenas que utilizem as ferramentas que damos, pesquisem e tenham a sua opinião. Isso é que é fixe.”
“Está tudo a acontecer para nós”
Com os programas ainda sem estarem todos gravados, é imperativo que haja espaço para alguma atualidade, nomeadamente face aos acontecimentos entre a Rússia e a Ucrânia, como assume a apresentadora: “O que posso dizer é que quando rebentou este conflito entre a Ucrânia e a Rússia tínhamos um tema que se aproximava e falava novos ativismos. Esse era o tema. Decidimos mudar o tema para novos ativismos em tempo de guerra. E está tudo a acontecer para nós.”
“Nada é só a preto e branco”
E, para os mais atentos, a cor da indumentária escolhida para os programas tem um significado mais profundo do que o simples gosto por estes tons, como nos explicou: “É verdade. Decidimos fazer isto toda a temporada. Estarei toda a temporada de preto e branco. Porque nada é só preto ou branco. Podem dizer “É Mena que coisa tão rebuscada, mas nada no Mundo é a preto e branco. E neste programa é assim. Nada é categórico. Queremos abrir a cabeça das pessoas. Ninguém tem totalmente razão.”
“Digam-me quais é que têm a mesma repercussão”
Já as audiências são um aspeto que continuam a não preocupar a apresentadora, independentemente da importância relativa que possuem, reconhece: “A primeira temporada foi surpreendentemente boa em termos de audiências. Mas não estou preocupada. Eu tenho a certeza que somos vistas em outras plataformas. Todas as visualizações na RTP Play, nas redes sociais atiram o programa para frente, fora da esfera da televisão. Se forem para os outros canais, digam-me quais é que têm a mesma repercussão… sem contar com o Big Brother?”, desafia.
“É um dos conteúdos de 2021 e que certamente marcará a televisão.”
Para José Fragoso, o diretor de programas da RTP, este é um projeto diferenciador do que existe em antena e não se coíbe de gabar o formato, bem como anunciar mais temporadas de Programa Cautelar: “Este é um dos projetos mais inovadores que temos na RTP. Este projeto é muito difícil e desde o princípio que temos essa noção, mas na realidade é um formato que em 2021 consegue provar que a televisão consegue inovar de uma forma disruptiva. É um dos conteúdos de 2021 e que certamente marcará a televisão. É um formato que dá muito trabalho. Teve seis episódios na primeira temporada, mais sete na segunda. A boa televisão precisa de tempo e espero que a Filomena comece já a desenhar a próxima. Anuncio que este programa terá, pelo menos quatro temporadas. ” anuncia.
“Programa Cautelar” estreia dia 19, às 21.30, na RTP1.
Texto: Eduardo César Sobral
