Óscares 2018: Conheça a história da revolucionária Katharine Graham, do filme ‘The Post’

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O filme “The Post”, não sendo um dos grandes destaques para os Oscares 2018 (tem apenas duas nomeações: Melhor Filme e Melhor Atriz Principal), merece ser conhecido pela história de vida de uma mulher chamada Katharine Graham (conhecida também como Kay Graham). Figura revolucionária na imprensa, publisher e CEO do Washington Post, teve a coragem de mudar a história da política nos EUA. A interpretação cabe a Meryl Streep, que recebeu a sua 21ª nomeação para o Oscar.

Foi Katharine quem tomou a decisão de publicar informações dos Documentos do Pentágono e, mais tarde, também esteve à frente do Post na revelação do escândalo de Watergate. Isso culminou na renúncia do presidente Richard Nixon, em 1974. Kay é sempre lembrada como uma pessoa que teve a coragem de enfrentar o governo e que, para chegar a esse patamar, também teve que passar por cima do machismo da época.

Kay nasceu em 16 de junho de 1917 e, nos anos 1930, o pai dela – Eugene Meyer – comprou o Washington Post. Eugene planeava deixar a empresa nas mãos do filho, só que resolveu ser médico. Enquanto isso, Kay cedo demonstrava grande interesse pelo jornal.

A mãe dela, Agnes Ernst Meyer, havia sido repórter no início do século 20, mas as duas não tinham uma boa relação e Eugene nunca acreditou na capacidade de Kay para atuar ativamente na publicação do Washington Post. Mesmo assim, ela não perdeu o interesse pelo jornal e trabalhou em cargos pouco importantes enquanto jovem.

Nem mesmo quando o pai se aposentou a empresa passou a ser chefiada por Katharine. Eugene escolheu o marido dela, Philip Graham, como sucessor, por mais que o genro fosse advogado e não demonstrasse grande interesse pelo periódico. Nessa época, Kay já trabalhava no Post há mais de uma década.

Só viria a tomar as rédeas da publicação aos 42 anos, na década de 1960. Esse processo foi bastante trágico, pois aconteceu na sequência do suicídio de Philip. Após lhe ter sido diagnosticado transtorno maníaco-depressivo, chegou a ficar várias semanas internado, mas suicidou-se logo após ter recebido alta.

Com a tragédia, em 1963, Kay tornou-se CEO e publisher do jornal num ambiente que não deixou de ser hostil para ela. A sua competência foi sendo colocada em xeque continuamente durante anos. Antes dela, nenhuma outra mulher havia sido publisher de um grande jornal nos EUA.

Chegamos a 1971 quando o New York Times teve acesso aos Documentos do Pentágono e iniciou uma série de publicações trazendo à tona mentiras sobre a Guerra do Vietname. Depois do terceiro dia de publicações, a Justiça acatou um pedido do governo americano para impedir que as reportagens continuassem. Diante disso, o Post resolveu ir atrás da fonte que havia fornecido os documentos secretos ao Times.

Com o material nas mãos, a decisão de retomar as publicações do escândalo era a mais arriscada possível. Kay, o editor-chefe Ben Bradlee (interpretado por Tom Hanks no filme) e outros envolvidos corriam o risco de ser presos. Felizmente, isso não aconteceu, mas a divulgação dos Documentos do Pentágono não causaram o efeito esperado. A Casa Branca conseguiu convencer a população de que os factos divulgados não representavam nada alarmante e Nixon acabou sendo reeleito em 1972.

Nesse mesmo ano, porém, Kay viria a ser peça chave no estouro de um caso muito maior: o escândalo Watergate. O Post descobriu um intrincado esquema de conspiração e espionagem realizadas por membros do governo de Nixon e, mais uma vez, a decisão de publicar o caso estava nas mãos de Kay. E ela resolveu divulgar tudo.

Ao contrário do que aconteceu em 1971, dessa vez Richard Nixon não teve como abafar o caso. Por causa das revelações, foi aberto o processo de impeachment, tendo renunciado ao cargo antes de ser tirado do poder. Até hoje esse é o maior escândalo político dos EUA e um dos mais emblemáticos da história mundial.

Katharine Graham faleceu em 17 de julho de 2001, aos 84 anos, quando bateu com a cabeça numa queda, não resistindo aos ferimentos.

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