Entrevista a Joaquim de Almeida

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De visita a Portugal para a comemoração dos 25 anos da marca Sacoor Brothers, Joaquim de Almeida deu uma entrevista onde revelou pormenores da sua vida profissional e pessoal.

Desde o seu percurso profissional ao panorama do cinema nacional, passando pela relação com a sua família, o ator português que dispensa apresentações desvenda ainda pormenores do seu personagem em Profissionais da Crise, onde contracena com Sandra Bullock e que estreia nos cinemas em Portugal a 19 de novembro.

Está de regresso agora aos Estados Unidos para participar numa série de televisão. Esta transição entre o cinema e a televisão sempre foi uma opção? 

JOAQUIM DE ALMEIDA – Sempre foi uma opção, mas agora mais do que nunca, porque há muito mais trabalho em televisão.

 

E escreve-se cada vez melhor para televisão?

JOAQUIM DE ALMEIDA – Escreve-se cada vez melhor para televisão. E há muito mais trabalho em TV porque há imensas séries, cada vez mais canais de cabo e sente-se uma enorme criatividade nesta área. Para já, os filmes independentes têm ainda grandes dificuldades, porque com a crise – apesar de haver muita gente a investir em cinema porque se trata de uma indústria que, efetivamente, gera dinheiro – os bancos estão pouco flexíveis. Portanto, todas as atenções estão viradas para a televisão: tem os melhores escritores, os atores… Todos fazem televisão atualmente.

 

A cadência do trabalho em televisão é mais complexa?

JOAQUIM DE ALMEIDA – Para mim é muito mais complexa, até porque o inglês continua a ser uma língua estrangeira. Enquanto no cinema tenho tempo para preparar bem o guião, as falas, os diálogos, na televisão enviam-me os diálogos todos os dias, a qualquer hora, muitas vezes apenas antes de filmarmos, portanto torna-se mais complicado. Porém, há certos papéis em que eu me sinto perfeitamente à vontade, não me importo muito que façam alterações, até porque por vezes posso improvisar. Contudo, há outros em que sou mais rígido e se me mudam os diálogos todos os dias, torna-se bastante difícil.

 

O seu filme mais recente é “Profissionais da Crise”, um filme em que faz de sul-americano: um presidente boliviano.

JOAQUIM DE ALMEIDA – Interpreto um candidato presidencial. É um filme em que contraceno com Sandra Bullock, que se baseia no documentário “Our brand is crisis”. Foi muito interessante: filmámos seis semanas em New Orleans, duas semanas em Porto Rico e acabámos na Bolívia. Está previsto sair a 30 de outubro nos Estados Unidos.

 

É um filme independente.

JOAQUIM DE ALMEIDA – É um filme independente, mas que envolve 20 e tal milhões de dólares. Por detrás do filme está a produtora de George Clooney e a produtora de Sandra Bullock, portanto terá certamente uma grande visibilidade. Não é um “Blockbuster” – até porque a sua história é diferente.

 

Normalmente, os atores de primeira linha parecem gostar de fazerem o papel de vilão. Habitualmente interpreta vilões. É uma opção?

JOAQUIM DE ALMEIDA – Não. Eu comecei por fazer de vilão, e pelos vistos fi-lo bem, porque foi sendo convidado para interpretar vários vilões, tendo acabado por ficar associado a esse tipo de papéis nos EUA. Porém, nos últimos tempos não têm surgido este tipo de oportunidades. Contudo, na nova série de televisão em que vou participar o meu personagem é um “pouco” vilão.

 

Vem muitas vezes filmar a Portugal?

JOAQUIM DE ALMEIDA – Não tenho vindo filmar a Portugal, porque não me têm convidado. Porém, tenho algumas ideias novas, alguns projetos possíveis…

 

Do que sente saudades quando está fora de Portugal?

JOAQUIM DE ALMEIDA – Sinto saudades, sobretudo, dos meus filhos. Confesso que os últimos dias antes de me ir embora e as primeiras duas semanas depois de partir me custam sempre imenso. Depois, sinto saudades dos amigos, da comida – embora em Los Angeles se coma muito bem, há restaurantes de todos estilos, desde italianos, cubanos… Portugueses, contudo, não há, o que é uma chatice – ao contrário do que acontece na costa Este. 

Apesar de tudo, sinto falta realmente da família, sobretudo agora que tenho um pai que já está velhote. Aliás, este ano resolvi ficar em Portugal mais tempo por isso mesmo.

 

O seu filho está a seguir as suas pisadas?

JOAQUIM DE ALMEIDA – Parece que sim. Fui vê-lo no Festival Fringe, em Edimburgo, onde esteve a fazer duas peças e gostei. Achei que esteve bem, aliás uma das peças em que participa foi considerada um dos 10 melhores espetáculos daquele festival – portanto tiveram grandes críticas. O meu filho está todo entusiasmado e vai agora, inclusivamente, estudar para Nova Iorque. 

No princípio nem sequer o apoiei muito mas agora que vejo que é isso que ele quer fazer, a situação mudou. Aliás, a minha família, quando entendeu que eu queria seguir este caminho, também me apoiou. Durante anos, os meus pais iam visitar-me aos EUA, a França, a Itália… onde quer que estivesse a filmar… Agora é a minha vez de apoiar o meu filho. Ele é formado em economia e em teatro. Espero que a economia lhe sirva (risos)…

 

Hoje temos uma fornada de jovens atores a trabalhar na América com grande reconhecimento público. A sua entrada nesse mercado foi mais discreta… Acha que é um risco grande apostar no “sonho americano”?

JOAQUIM DE ALMEIDA – Não é um risco quando se tem a idade que eu tinha: 19 anos. Quando se é jovem não se teme nada. Agora há uma série de portugueses nos EUA: muitos a estudar, mas alguns estão a conseguir papéis. Espero que surjam grandes nomes, que possam ter uma carreira – como eu tive ou até melhor do que a minha. Já conto quase com 100 filmes e uma lista grande de séries. Só em Espanha fiz perto de 20 filmes, em França outros tantos e em Itália também… as carreiras não se podem concentrar apenas num local.

 

Considera-se um pouco “flambeur”?

JOAQUIM DE ALMEIDA – Não, mas gostei da minha carreira, foi sempre engraçado. Houve uma altura, durante uns 15 anos, em que eu fazia três filmes por ano. Portanto, ia de um filme para o outro, em línguas diferentes, em países diferentes e divertia-me imenso.

 

Mas nunca foi um escravo da carreira…

JOAQUIM DE ALMEIDA – Não, porque tive a sorte de ter sempre muito trabalho. Confesso até que houve uma altura em que pensei em retirar-me, sobretudo porque não gosto de tudo que está por detrás do cinema: o glamour, as festas, os prémios… Gosto de fazer os filmes e depois gosto de os ver.

 

É o embaixador mais antigo da Sacoor Brothers…

JOAQUIM DE ALMEIDA – Já lá vão muitos anos…

 

É uma relação de longa data, portanto.

JOAQUIM DE ALMEIDA – É como se fosse da família. Gosto imenso das peças, desde as mais desportivas às mais clássicas. Atualmente, visto-me menos de forma clássica, mas gosto de ter os meus fatos…

 

É uma roupa confortável?

JOAQUIM DE ALMEIDA – Tem sobretudo imensa qualidade – os tecidos, os cortes… 

©texto: sacoor brothers fotos: starsonline®

Veja o vídeo da entrevista

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